Um dos vícios capitais que o Monge Evágrio Pôntico nos mostra nos seus escritos é a tristeza. Um cristão não pode ser triste, pois o Senhor se fez homem, e se deu na cruz para que fôssemos alegres. De fato, a tristeza matou a muitos e não pode, de forma alguma, ser triste um coração que ama a Cristo. Quero convidar você a ler este texto e meditar sobre ele. E depois você pode comentar a respeito. Que tal?
O monge atingido pela tristeza não conhece o prazer espiritual; a tristeza abate a alma e se forma a partir dos pensamentos da ira. O desejo de vingança, com efeito, é próprio da ira; o fracasso da vingança gera a tristeza; a tristeza é a boca do leão e facilmente devora aquele que se entristece. A tristeza é um glutão de coração e se alimenta da mãe que o gerou. Sofre a mãe quando dá à luz um filho; porém, esta, tendo dado à luz, se vê livre da dor. A tristeza, ao contrário, enquanto é gerada, provoca fortes dores e, sobrevivendo, após o esforço, não traz sofrimentos menores. O monge triste não conhece a alegria espiritual, como aquele que acometido por forte febre não reconhece o sabor do mel. O monge triste não saberá como manter a mente na contemplação, nem brota nele uma oração pura: a tristeza impede todo o bem. Ter os pés amarrados impede a corrida; assim é a tristeza: um obstáculo para a contemplação. O prisioneiro dos bárbaros está preso com correntes; a tristeza amarra aquele que é prisioneiro das paixões. Na ausência de outras paixões, a tristeza não tem força, assim como não tem força uma corda se lhe faltar quem amarre. Aquele que está atado pela tristeza é vencido pelas paixões e, como prova de sua derrota, vem acrescentada a atadura. Efetivamente, a tristeza deriva da falta de êxito do desejo carnal, porque o desejo é co-natural a todas as paixões. Quem vence o desejo, vence as paixões; e o vencedor das paixões não será submetido pela tristeza. O moderado não se entristece pela falta de alimentos, nem o sábio quando é atacado por um lapso de memória, nem o manso que renuncia a vingança, nem o humilde que se vê privado da honra dos homens, nem o generoso que sofre uma perda financeira; com efeito, eles evitam, com força, o desejo destas coisas, como efetivamente aquele que corajosamente rejeita os golpes. Assim, o homem carente de paixões não é ferido pela tristeza.
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